quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Alguns importantes conceitos vygotskyanos.



Se a única coisa que você conseguiu aprender sobre Vygotsky (ou Vigotski) é que ele criou o conceito de Zona de Desenvolvimento Proximal (já "apelidada" de ZDP), vale a pena assistir este vídeo, para, talvez, relembrar outros conceitos importantes propostos por este psicólogo russo. Na sua breve existência, Vygotsky propôs uma perspectiva muito interessante para a compreensão da formação da subjetividade.
A partir de um aporte teórico marxista, interessou-se, no âmbito da psicologia, pela constituição das funções psicológicas superiores. Estas funções que nos separam dos outros animais, pois são tipicamente humanas. Numa perspectiva integradora, buscou compreender o comportamento humano como sendo constituído na confluência da filogênese, dos aspectos sócio-históricos, da ontogênese e da microgênese.
Dentro desse quadro de referência, o indivíduo, um humano em potencial ao nascer, é um organismo dotado de certas capacidades pela história evolutiva da espécie. Ao ser inserido, por meio do outro, no mundo de possibilidades da cultura, também reconstruída através da história, passa a internalizá-la. Esta internalização não é uma mera transferência do exterior para o interior, nem do inter-psicológico para o intra psicológico. Como o internalizado passa a mediar as internalizações, o sujeito vai se apropriando (tornando própria) da cultura de um modo singular, idiosincrático, pois nenhum sujeito - nem mesmo gêmeos idênticos - poderá refazer, na íntegra, o conjunto de interações e significados do outro. 
(O vídeo comete uns pequenos deslizes ao classificar Jean Piaget como psicanalista e indicar a morte de Vygotsky em 1933, quando foi em 1934)

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Axé, escola, Axé!!!

Enquanto nosso modelo anacrônico de escola vive se queixando da falta de apoio da famíla ao processo de escolarização da sua prole, os movimentos sociais têm conseguido, por meio de novas fórmulas, novas estratégias, inserir no processo educacional, crianças e jovens que romperam precocemente com os vínculos familiares. Disso resulta inevitável a questão: será mesmo imprescindível a participação da família na educação escolar?
Não é demais lembrar que as imposições da vida contemporânea muitas vezes impedem uma participação mais ativa da família na educação escolar dos seus filhos. A falta de tempo, a falta de conhecimento, a falta de estratégias, fazem com que os pais ou responsáveis deleguem à escola essa função. A escola, por sua vez, alega que não pode arcar sozinha com essa responsabilidade. No meio desse fogo cruzado, estão os alunos, que ficam sem a educação de ambas as partes.
E assim, seguimos, preservando com afinco as desigualdades sociais, zelando para que nenhum estudante oriundo da famílias de baixa renda ouse ter conhecimentos suficientes para romper a linha que demarca a região que serve de base para sustentação da pirâmide social.
Vale a pena finalizar com uma citação do Vigotski, de conteúdo tão óbvio quanto negligenciado:
"Potencialmente, a criança contém muitas personalidades futuras; ela pode vir a ser isto ou aquilo. A educação produz a seleção social da personalidade externa. A partir do ser humano como biótipo, a educação, por meio da seleção, forma o ser humano como tipo social" (Vigotski, L. S. Psicologia Pedagógica. Porto Alegre, Artmed, 2003, pg 82)





domingo, 25 de abril de 2010

Infância inventada.

Será a "infância" uma categoria homogênea que abarca indiferenciadamente todos os modos humanos de experimentar os primeiros anos de vida? Ou será que temos que pensá-la a partir de múltiplas perspectivas, procurando sempre contextualizá-la segundo uma série de critérios tais como época, geografia, posição social, acesso a bens e direitos, etc., etc.?
Aquela infância feliz e poética, que costuma ser retratada pela mídia de interesse popular, tem lugar na memória de quantos dos nossos compatriotas neste instante? Quantos dos que hoje são adultos podem se lembrar do tempo em que brincavam despreocupadamente pelas ruas da vizinhança, corriam com seus coetâneos, jogavam pelo prazer de estar juntos, tomavam banho de chuva e se deliciavam com guloseimas as mais variadas? Quantos ainda têm gravado na mente e no corpo as cenas e os sentimentos comuns de eventos ocorridos em sala de aula e nos pátios das escolas? Quantos tiveram a oportunidade de frequentar uma escola? 
tiveram a alegria das recordações furtada pelo trabalho infantil. Ao apresentar um contraste bastante nítido entre dois contextos de desenvolvimento infantil,  o documentário postado a seguir faz com que pensemos sobre as questões acima  expostas e que observemos com maior atenção, como pede Vygotsky, a influência do meio e das condições materiais de existência na constituição das formas de interagir com o mundo e consigo mesmo.


domingo, 18 de abril de 2010

Lev S. Vygotsky

Creio que poucos autores produziram um impacto tão significativo em suas áreas de conhecimento, tendo vivido menos de quarenta anos, quanto Vygotsky. Dizer que os elementos culturais com os quais um indivíduo interage ao longo do seu desenvolvimento, vão constituir a singularidade deste indivíduo, é proferir uma idéia de aceitação quase unânime. Todavia, este modo de entender a relação sujeito/meio apresentou-se como pensamento revolucionário nas primeiras décadas do século passado. As idéias de Vygotsky contribuíram e ainda contribuem para compreendermos a relação entre educação - no sentido mais amplo da palavra - e desenvolvimento, proporcionando-nos orientações promissoras para a tomada de decisões no âmbito pedagógico. Ninguém melhor que a professora Marta Kohl para apresentar as idéias deste autor soviético. Em vídeo, é só clicar logo abaixo, em livros é só procurar estes cujas fotos estão expostas, nas melhores livrarias do ramo.